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segunda-feira, 14 de março de 2011

Evasão escolar vem muito antes do crime

Especialistas acreditam na educação como o caminho ideal para se obter êxito em todas as esferas da vida. Porém é sabido que as condições para percorrer esse caminho são desiguais. Para uma parcela da sociedade, são oferecidas escolas sem infraestrutura e professores sem a qualificação adequada. As consequências, muitas vezes, são catastróficas: altos índices de evasão escolar e envolvimento de crianças e adolescentes com a criminalidade.
Essa discussão está presente na pesquisa “Adolescentes em conflito com a Lei: memórias e trajetórias de vivências na escola”, realizada pela pedagoga Regina Fernandes Monteiro, no Programa de Pós-Graduação em Educação do Instituto de Ciências da Educação (ICED) da Universidade Federal do Pará (UFPA), sob orientação da professora Laura Maria Silva Araújo Alves.
O estudo buscou revelar a memória escolar de adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas na Unidade de Internação de Val-de-Cães da Fundação da Criança e do Adolescente do Pará (Funcap). O objetivo era analisar as razões que levaram à evasão escolar, aos altos índices de repetência e ao envolvimento com a criminalidade.
Em setembro de 2009, quando já era gestora da Unidade de Val-de-Cães, Regina Fernandes Monteiro, servidora da Funcap desde 2006, realizou entrevistas com 18 adolescentes. Os entrevistados eram nascidos no Estado do Pará, tinham entre 12 e 17 anos, possuíam escolaridade entre o 1° e o 9° ano do ensino fundamental e cumpriam medidas por infrações, como dano ao patrimônio público e assalto seguido de morte.
A partir da pesquisa de campo, Regina Fernandes aponta a falta de interesse como uma das principais causas para a evasão escolar, já que 47% dos entrevistados, ao relembrarem a época em que estudavam, diziam-se desmotivados com a escola. “A escola, hoje, não se apresenta como algo interessante. Muitas vezes, o estudante chega ao ambiente educacional e não é acolhido. Em um ambiente hostil, ele acaba preferindo a rua, onde encontra outros atrativos. O resultado é que muitos chegam aos 17 anos lendo e escrevendo com muita dificuldade ou analfabetos”, afirma a pesquisadora.
Na avaliação de Regina Fernandes, quando um adolescente chega à Funcap, é porque tudo em sua volta falhou: a escola, a família, as políticas sociais e a comunidade onde ele estava inserido.

Texto:Diário Online.

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